Estamos Dependentes Da Industria Farmacêutica
O ser humano é falível. O ser humano é imperfeito.
Por norma definimo-nos mais por aquilo contra o que somos, do que por aquilo a favor do qual somos. Temos também o vício de nos deixar moldar por desejos. Esses desejos são, normalmente o que consideramos ser o aspecto positivo das situações (saúde, felicidade, sorte, beleza). Os grandes homens, e as grandes mulheres foram moldados na adversidade, não na facilidade. O conhecimento nasce da dificuldade, e não existe nenhuma fórmula universal para responder a situação alguma.
Uma característica que se tem vindo a acentuar no homem moderno é o querer TUDO e o querer AGORA. Não há tempo a perder, nem tempo para aprender. No que respeita à saúde em particular, todos a querem da forma mais rápida e indolor possível. À medida que nos fomos alienando da nossa essência humana, caímos em várias armadilhas, e essa é apenas uma delas. Todos os dias observo episódios que o ilustram. Assim que alguém se sente “doente” ou minimamente desconfortável toma imediatamente um comprimido, actualmente até já existem comprimidos para se tomar antes de haver sintomas de doença. Da mesma forma que todos fingimos que a morte não existe, também todos fingimos que não há um preço a pagar para tudo aquilo que fazemos. Podemos reconhecê-lo e assumi-lo ou não, mas tanto os excessos e desvios alimentares mais tarde se manifestam física e psicologicamente, como o “milagre” da medicina moderna a médio/longo prazo acarreta consequências gravosas e muitas vezes difíceis, senão impossíveis de reverter. Não há almoços grátis.
Outra característica inerente ao homem moderno é a da contestação: contestam-se as medidas governamentais e as medidas fiscais mas não a base que as suporta. A atitude é semelhante relativamente à medicina: contestam-se os preços dos medicamentos, os preços dos seguros, os preços das taxas moderadoras mas não o núcleo de toda uma indústria, que, tal como todas as outras assenta na maximização do lucro seja de que forma for. Os gestores das empresas farmacêuticas e os gestores das empresas hospitalares estão tão preocupados com a nossa saúde como os gestores da REN ou da Águas de Portugal, limitam-se a criar um sentimento de necessidade pelo seu produto. Existem também uma campanha de marketing de branqueamento tal como o McDonalds tem, de modo a não alienar os consumidores mais preocupados.
Se cada um de nós investir um décimo do tempo que tem livre, no estudo da causa/efeito e tiver a ousadia de agir em conformidade, não só a máquina que capitaliza a saúde sofrerá um rude golpe, como todas as outras que assentam na exploração humana o sofrerão.
Será fácil? Provavelmente não.
Será rápido? Certamente não.
Será possível? Nas palavras de Martin Luther King “I have a dream”
Toda a gente quer dançar com o diabo, mas ninguém quer pagar à banda
Texto de Hugo Lopes, editor do blogue www.ofimdanoite.wordpress.com
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