A Mastigação Facilita A Digestão E A Seleção Dos Alimentos
Um dia, um estudante da Vega (escola de macrobiótica) perguntou-me por que perdemos a capacidade de seleccionar os alimentos que compõem a base da nossa alimentação. E porque gostamos tanto de comer coisas que nos fazem mal, chegando ao ponto de precisarmos de utilizar o conceito Yin Yang de forma a trazer alguma racionalidade às refeições?
Nos tempos antigos, quando as pessoas comiam bons alimentos, tinham a capacidade e o discernimento para seleccionar a melhor alimentação. Porque é que se começou a comer pior, até chegarmos à desgraça dos dias de hoje?
Respondi que nos tempos antigos, os alimentos eram cultivados e consumidos na mesma área respeitando as épocas de cultivo. Portanto, tudo o que se comia estava em boas condições. As pessoas melhoravam o seu estado de saúde mantendo a capacidade de seleccionar bons alimentos intuitivamente. Ao nível da consciência as suas capacidades diminuíram, porque não era necessário pensar que comidas eram realmente boas.
Em seguida, o comércio de alimentos desenvolveu-se. Os alimentos passaram a ser transportados para longe (fora da zona de produção), onde as inovações tecnológicas, como novos meios de conservação através da refrigeração, possibilitaram a existência de uma abundância de alimentos produzidos fora de época (fora de tempo). A indústria começou a corromper a comida. Foram adicionados preservativos de forma a prolongar os prazos de validade. A coloração e a adição de outros químicos tornaram possível manter os alimentos, aparentemente frescos e deliciosos. Os fertilizantes e os químicos, para controlo de insectos e pragas, passaram a fazer parte do normal funcionamento da agricultura, de forma que não houvesse más colheitas, traduzindo-se em maiores lucros. Como resultado, deixaram de existir produtos naturais na nossa “sociedade moderna”.
A capacidade de discernimento para seleccionar alimentos está completamente distorcida, enublada. Desta forma, o estudo da nutrição progrediu e o conceito de Yin Yang serviu para o desenvolvimento das nossas capacidades de decidir o que comer, segundo a constituição de cada pessoa. De qualquer forma, estamos apenas a descrever a capacidade intelectual de julgar, de seleccionar. Enquanto o nosso nível intuitivo estiver distorcido e enublado, temos grandes problemas em fazer essa selecção, devido aos fortes desejos de comer comida processada.
Para mim, só existe uma maneira de melhorar a nossa capacidade de julgar, que é a mastigação. A mastigação consegue dar-nos uma capacidade selectiva de julgamento dos alimentos, consciente e inconscientemente. Através da mastigação a comida torna-se líquida com a saliva, provocando reacções químicas ao nível dos sabores, conseguindo assim julgar se a comida é doce ou salgada, ácida ou amarga, etc.
Através da mastigação, os aditivos químicos sintéticos, proporcionam maus paladares – mas a comida natural fica muito mais saborosa. A mastigação intensifica o sabor dos alimentos bem cozinhados.
Quando ganhamos o hábito de mastigar mal e comer à pressa, começamos a perder a capacidade de escolher a melhor alimentação, mesmo com uma boa capacidade de julgamento intuitivo.
Herman aihara “Learning from Salmon”
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