Mastiga 150 Vezes Cada Garfada
Durante a segunda Guerra Mundial, o meu pai António, trabalhava na Marinha Italiana. Em 1943, quando a Itália se rendeu, ele estava num navio que tinha sido interceptado pelos alemães. Toda a tripulação de 32 pessoas foi presa, sendo encaminhados para um campo de concentração na Alemanha. O meu pai e a sua tripulação foram forçados a trabalhar numa fábrica com uma dieta muito pobre. Muitas pessoas morreram de subnutrição. O meu pai estava sempre com fome e frio, até que descobriu que ganhava energia sempre que mastigava água.
Tu não tens de acreditar em mim, podes tentar. Se mastigares a água cinquenta vezes, a água começa a ficar gradualmente mais doce e cheia de energia, dos dentes e da saliva. O meu pai mastigava a comida ainda mais e com resultados óptimos. Ele aconselhou os seus colegas a mastigar a água e a comida de forma a reduzirem a fome e a ficarem mais quentes. A maior parte deles dizia: “vá lá Tony, comida é comida e sopa é sopa”. Apenas dois seguiam os seus conselhos e dia após dia tornavam a mastigação cada vez mais feroz e focada. Todos os dias eles comiam uma sopa ao almoço e outra sopa ao jantar mais uma fatia de pão. Dividiam o pão em três partes e comiam 1/3 ao pequeno-almoço, 1/3 ao almoço e 1/3 ao jantar. Mastigavam a comida desmesuradamente e como resultado tinham o dobro da energia, melhor aspecto físico e discernimento mental.
Em 1945, a guerra acabou e os americanos libertaram o meu pai do campo de concentração. Dos 32, 29 morreram em resultado da explosão de bombas, má nutrição, doença ou hipotermia. O meu pai sempre ficou eternamente grato ao facto de ter sobrevivido sentindo que a mastigação lhe trouxe boa sorte. Quando voltou a casa estava muito diferente.
Em 1946, a minha família fez um grande pic-nic, onde o meu pai contou esta história. Olhou para mim e disse: “se alguma vez ficares doente sem energia, mastiga a comida mais do que 150 vezes”. Na altura não havia qualquer razão para mastigar muito porque a mesa estava cheia de comida. Mas dois anos mais tarde, em 1949, tentei escapar da Jugoslávia. Prenderam-me durante dois anos em trabalhos forçados num campo de concentração.
Enquanto estive lá, lembrei-me do que o meu pai me ensinou. A dieta era muito parecida, uma taça de cevada. Tínhamos permissão para receber comida de casa, embora desaparecesse a maior parte das vezes. Então pedi à minha mãe para me enviar coisas que eu sabia que os guardas não gostavam – torradas, cebolas e sal. Mastigava a cevada e a água e fiquei forte. Não fazia a mínima ideia do poder do sal. Tornou-me estupidamente agressivo. Fui colocado na solitária por dez dias devido a desacatos. Os presos normalmente morriam de hipotermia especialmente no Outono, quando estava muito frio, mas eu sobrevivi. Sobrevivi por causa da mastigação e das auto-massagens.
Baseado numa palestra de Lino Stanchich no French Meadows Camp
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