Leite (Não) É Juventude

Uma vez que no ocidente o solo não era ideal para a agricultura, os povos nómadas desta região do globo foram obrigados a manter-se em constante movimento. Para subsistirem, desenvolveram a produção de leite e carne, visto que a agricultura exige que sejam respeitados ciclos naturais e permanência num espaço geográfico fértil.
Os países do oriente nunca viram o leite como um alimento principal e cedo se habituaram a cultivar os seus grãos e vegetais, aproveitando a riqueza dos solos e as chuvas abundantes.
O uso do leite e lacticínios desenvolveu-se em zonas onde era difícil trabalhar a agricultura. O facto da agricultura promover a fixação do homem numa determinada zona geográfica, permitiu que a civilização florescesse através do desenvolvimento de comunidades de agricultores.
Só nos tempos modernos, portanto, muito recentemente, é que o uso do leite de vaca se tornou um alimento considerado essencial e comum na nossa alimentação. John H. Tobe assume que o leite de vaca não foi, nem nunca vai ser, um alimento perfeito para os humanos. Defende que o meio litro de consumo aconselhado permitiu que se tornasse num negócio de milhões.
De acordo com estatísticas publicadas pelo governo dos EUA, em 1967 os americanos consumiam 40 biliões de kilos de leite e lacticínios, correspondente a 28% do consumo alimentar, sendo 20% de carne. Não é de espantar que sejam estes os dois produtores a investir mais dinheiro em publicidade.
Para fazer face à procura elevada de leite, as vacas estão confinadas a espaços de crescimento demasiado pequenos, sendo alimentadas com hormonas e antibióticos, farinhas de milho e carne, obrigadas a crescer rápido e a produzir mais do que conseguem num ambiente natural. Muitas mulheres são aconselhadas a não consumir leite durante o período de gravidez, pelo perigo que os químicos do leite representam para a criança.
O ‘food yearbook of agriculture’, publicado em 1959 pelo governo Americano, diferencia o leite materno, sempre fresco e livre de bactérias, com o leite de vaca, cheio de parasitas, sujeito a processos químicos e tratamentos anti-naturais, como a pasteurização. Desenvolvida por Pasteur, a pasteurização é um método através do qual as bactérias são mortas segundo um processo de aquecimento, o que permitiu que, a partir de 1864 o leite fosse transportado, evitando a sua rápida decomposição. No entanto, o processo de Pasteurização não é suficiente para garantir que o leite seja um produto seguro para crianças.
O consumo de leite tem vindo a aumentar devido a três razões:
1 – É rico em proteína e cálcio. Alheios a isso não ficam os nutricionistas, que sempre que descobrem um alimento rico em determinado nutriente, influenciam a opinião pública, levando a um aumento do consumo desse alimento, na esperança que o corpo o assimile. Era bom que o corpo humano funcionasse como um frasco, onde os elementos fossem despejados e assimilados. Será que já ouviram um nutricionista a falar de transmutação? A vaca tem os ossos bem maiores que os nossos e não consome cálcio, será que a erva tem cálcio?
O mito da proteína e da obsessão da proteína, publicita a ideia de que quanto mais, melhor. Errado! Quanto menos melhor. O consumo exagerado de proteína sobrecarrega o fígado e os rins, gerando um estado de stress entre os órgãos. (Em breve publicaremos um texto sobre a proteína).
2 – A indústria do leite e carne exerce uma pressão enorme sobre a sociedade, através da televisão, rádio, imprensa escrita e internet, junto de adultos e crianças. Quem é que nunca ouviu a expressão ‘tem mais leite do que cacau’?
3 – O consumo excessivo de leite provoca um crescimento anormal. Não é por acaso que os americanos são considerados um povo de estatura alta, já que consomem quantidades anormais de leite. Quem é que ainda não reparou que os jovens com 14 anos são bastante mais desenvolvidos que os jovens de 14 anos de há 20 anos atrás?
Texto ‘The Rice Experience’, baseado em ‘Basic Macrobiotics’, de Herman Aihara
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